Leishmaniose Canina
- Admin
- 23 de out. de 2017
- 4 min de leitura

Tocantinópolis fica em estado de alerta
Tocantinópolis está em estado de alerta para uma infestação de leishmaniose visceral, o calazar, em humanos e animais. Conforme a secretaria de saúde do município, nove casos foram confirmados em pessoas, até julho de 2017. Em cães, 407 resultados foram positivos neste mesmo período.
O levantamento apontou que em todo o ano de 2016 foram 12 casos confirmados em humanos. Neste ano, até o momento, são 50 notificações suspeitas. Cinco casos foram confirmados em adultos e quatro em crianças menores de dez anos.
Leishmaniose
É uma doença infectocontagiosa causada por um protozoário, conhecido como Leishmania, que é transmitido pela picada do mosquito flebótomo infectado, também conhecido como “mosquito palha” ou “birigui”. É considerada uma zoonose e pode acometer homens e cães. Nos caninos de estimação, ela é conhecida como Leishmaniose Visceral Canina.
Entrevista
Entrevistada: Dra. Ana Paula de Sousa Rodrigues Garcia
Local: Ponto Pet Clínica Veterinária
Data: 05 de setembro de 2017
Entrevistadora: Érika Viana Peres Rocha
Érika : O que é a leishmaniose?
Dra. Ana Paula Garcia: A leishmaniose é uma zoonose, portanto se transmite para o homem. Ela é causada por um protozoário chamado leishmania, é transmitida ao homem e ao cão, que também é vitima da doença, através de um mosquito chamado mosquito palha. Ele pica um animal doente e depois pode picar outro animal que esteja sadio ou o próprio homem e ai transmite a doença. Érika: Quais são os sintomas?
Dra. Ana Paula Garcia: É muito relativo, 20% dos cães não apresentam sintomatologia, mas quando o animal apresenta, geralmente são :
queda da pelagem, emagrecimento, crescimento das unhas, feridas na pele e no focinho, sangramento no nariz, alguns apresentam diarreia e dificuldade ao andar.
Érika : O que fazer para prevenir a doença?
Dra. Ana Paula Garcia: Fazer o uso de coleiras repelentes encontradas hoje em dia no mercado Pet, passar repelentes spray no cão todo fim de tarde é importante porque o mosquito palha tem hábitos noturnos e deixar os animais em ambientes claros com luzes acesas durante a noite, porque ele não vai onde tem luz, só age no escuro. Tudo isso previne o mosquito. Tem também a vacina, que ao fazer o exame no animal e constatar que o resultado deu negativo, pode ser feita a vacina de três doses com intervalo de 21 dias.
Érika : O que acha sobre eutanásia?
Dra. Ana Paula Garcia: É um método muito usado no meio público por acreditarem que somente eutanasiando os animais vai acabar com a leishmaniose. Já nós veterinários achamos que não, porque quem causa a doença é o mosquito então esse combate deveria ser feito em relação ao mosquito e não ao cão. Hoje em dia já está autorizado o tratamento para a doença. O proprietário do animal tem que ter a oportunidade de decidir: se ele quer tratar ou eutanasiar, mas no caso de optar por não tratar é precisa eutanasiar, pois a partir do momento que ele mantém esse cachorro doente sem tratamento, está colocando em risco a população. Em casos em que a doença já esta muita avançada e não tem mais tratamento aconselhamos a eutanásia.
Érika: Você acha que os exames do sistema público são confiáveis
Dra. Ana Paula Garcia: A sorologia em qualquer lugar que é feita tem chance de dar falso positivo, porque é um exame que faz relação cruzada com muitas doenças e dependendo também da situação do animal quando ele está com muita verminose, fêmeas no cio, gestante ou lactante e algumas doenças como a do carrapato que é a mais comum, tudo isso pode positivar o exame. Então, em todo caso, tem que ser melhor investigado, deve-se fazer um exame em outro momento do animal para realmente constatar se o animal está com a doença.
Érika: Se existe o tratamento para a leishmaniose como ele é feito?
Dra. Ana Paula Garcia: Hoje em dia fazemos o tratamento. Ele vem sendo feito a muitos anos em outros países, porém era proibido aqui no Brasil até janeiro deste ano. A gente já vê que o resultado é realmente eficaz quando o cão está no grau inicial da doença, mas se estiver em um grau muito avançado, não é aconselhável o tratamento. Ele é feito com acompanhamento veterinário mediante exames que comprovam que o animal está doente. O acompanhamento do animal é feito por um período até os exames se tornarem positivos, repetindo a cada seis ou sete meses os exames. Temos visto que o tratamento está sendo muito eficaz em relação ao problema.
Érika: Você acha que a Prefeitura de Tocantinópolis está lidando bem com o alto índice de leishmaniose na nossa cidade?
Dra. Ana Paula Garcia: Não que as prefeituras em geral estejam lidando de forma errada em relação a leishmaniose mas há algumas questões que precisam ser melhoradas, por exemplo combater o mosquito transmissor, sensibilizar a população quanto a prevenção mostrando importância da higiene dos quintais, dos malefícios da criação de galinha dentro da cidade, pois, tudo isso atrai o mosquito. Então o combate deve ser feito também ao mosquito e não somente sacrificar os cães, porque não adianta sacrificar o cachorro e o mosquito continuar transmitindo a doença, tem que ser feito algo mais complexo, unir mais as ideias, prefeitura e veterinários na busca de soluções para essa situação, pois há anos e anos que se matam os cães positivos e não temos diminuído significativamente os casos de leishmaniose, pelo contrário, está aumentando. É preciso melhorar a forma de lidar comessa doença.
Local: Tocantinópolis - TO, 77900-000, Brasil
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